Sou mais um Zé
E lá vai mais um Zé,
sem se espantar
que outra vez, cedo levanta,
a hora sofre a alcançar.
Corre, corre,
e o tempo perde a vida!
Corre, corre,
o riso o anima!
Segue durante o dia
onde as vidas passam,
do relógio as horas,
as rugas marcam.
- Zé, o que te dói
é o que te cura?
Ou o que te dói,
deixa a Alma dura?
- O que não se leva,
não se aprende!
O que se deixa,
o tempo desvanece!
- Se não se aprende
o que não se vale,
quando se o deixa,
tem quem se agrade?
- Sim, o que engana!
Mas alma forte e dura,
não é fria e ama,
e sua garra, inflama!
- Mas se pode corre, foge,
tu tem inteligência!
Escapa do chicote
ou aceita o açoite!
- Aceito o que é certo,
valores ainda vivem!
Errado jamais perto,
dos pais que a ti sorriem!
- Fala bonito, acurado.
Com mente perspicaz!
Entre povo amedrontado,
necessário se faz!
- Povo é forte, corajoso,
Ainda está acuado!
É grande e receoso,
e muito castigado!
- É esse que corre, corre,
e o tempo perde a vida?
Corre, corre,
e o riso o anima?
- Sim, sou eu e você,
são eles e nós,
sempre sob os pés,
de nosso escolhido algoz!
- De mãe Maria,
de pai João,
de filhos e filhas
de pés no chão?
- De pai Maria ou não,
de mãe João ou não.
Sempre corre, corre,
de olhos no chão!
- Levante-te acima,
vislumbre o sol, o céu,
agradece a vida,
prove, aprecie o mel!
- Acima estamos,
quando sob vis pés,
seguimos caminhando, lutando
como mais um Zé!
- Enfrentar o forte,
socorrer o fraco,
oferecer o ombro,
servir um prato?
- Por todos somos,
sem ninguém ou algum!
Por mim, por você,
por todos, o comum!
- Pensamento interessante,
contra o liberal,
a favor do comum,
o bem social?
Como se só corre, corre,
e o tempo sacrifica a vida?
Corre, corre,
e a prata não domina?
- Aqui tudo se aprende,
nem nada se vai,
coerente, consciente
da luta, não se arrepende jamais!
- Mas se outra vez,
volta cedo a levantar,
sem se espantar,
a hora te maltratar?
- Antes a dor cura,
segue atrás da hora,
nada, nem ninguém segura,
a vontade me empurra!
- Mas, durante o dia,
as vidas não passam?
E do relógio as horas,
as mãos não marcam?
- Agora tudo é experiência,
forte é minha estrutura,
nada é debalde,
do bom pé, vem a boa fruta!
- Então corre, corre,
o tempo consome a vida!
Corre, corre,
o riso tu suplica!
- Pois corremos,
isso é sabedoria, honestidade!
Pois uni-vos,
de praxe é alegria, felicidade!
- Conhecimento empodera,
O povo prospera,
cria-se a fera!
O mal encarcera?
- Nada é bem ou mal,
o que certo é,
seja útil, real,
do capital ao social.
Luto eu!
Luta o João!
Luta a Maria!
Luta você!
Todos juntos,
pelo país moribundo!
- Mas você...
Só mais um Zé!
Corre, corre...
- Corro, corro,
melhor o tempo,
melhor a vida,
corro, corro,
o riso me dá vida!
- Agora se te seguir,
por onde irei?
Quem tens a me garantir?
Apenas um sorrir?
- Seguirá tua vontade,
se ficar ou for,
o que valerá,
será a cura ou a dor!
- Minha vontade
o que curará?
De nada preciso,
só me sustentar!
- Alienação é tua doença,
exploração, teu castigo,
se não mata de nascença,
faz pobre o indivíduo!
- Evitar esse mal,
é deveras impossível,
prefere-se o individual,
ao social, acessível!
- Assim, corre, corre,
à hora seguir,
sua exploração, posso garantir!
Caso desperte, vá aprender
como a ideologia, poderá vencer!
E dessa forma impugnar
ao que pregam ser natural,
ao animal humano,
o “único” racional!
Que bate por prazer,
que mata por matar,
que destrói o que o alimenta,
que procria mas não sustenta!
Que vota sem saber,
por política desconhecer,
por jamais discuti-la,
num encontro de família:
“Futebol, política e religião,
não se discute não!”
E vai a sociedade evoluindo,
intelecto regredindo,
pobre se iludindo,
achando que seus direitos...
estão todos garantidos!
De trabalhista à escravagista,
com aposentadoria póstuma,
viver no Brasil
é ainda uma aposta!
Se acredita na economia em alta,
é porque conhecimento lhe falta!
Injustiça, insegurança,
o brasileiro resiste,
luta com perseverança!
Se tem sorte,
abre a porta, da esperança!
Não desanime, seja forte,
prevejo seu futuro,
francês, de sans culotte!
Chaves, Chaplin, Mazzaropi,
pobres, espertos, safos,
divertidos, engraçados.
Encenam a tristeza
de nós, os explorados!
Agora conscientize-se,
preste atenção,
nada tem a temer
e tudo a conquistar,
caso queira, a situação mudar,
se for só a tua,
não se preocupe,
sempre terá outro
que teu lugar ocupe!
- Você é sábio, tens razão,
é o povo a maior
riqueza da nação.
Este não possui dono,
a democracia é o nosso
maior e justo patrimônio!
Na luta quem se omite,
é mais um criminoso.
- Sou só mais um Zé,
que corre, corre,
que como muitos,
vive feliz a vida.
Sonha, luta, reivindica
por um país melhor,
talvez seja utopia!
Ou quem sabe...
Seja verdade algum dia!


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